“Romeu Correia: vida e obra”
patente ao público entre 28 de Setembro e 30 de Novembro de 2007, na Casa Pargana – Arquivo Histórico Municipal de Almada, um “texto de apoio” à referida mostra:
É rica a obra literária que Romeu Correia legou à comunidade. Escreveu para testemunhar a vida e os problemas do seu tempo.

Romeu Correia foi classificado por alguns críticos literários como um escritor populista. Fernando Mendonça foi categórico: «o facto de Romeu Correia utilizar o povo, o seu romanceiro, os fantoches ou o colorido da alma popular não lhe confere fisionomia populista». O autor faz parte daquela plêiade de dramaturgos, dos quais se destacam: Luís Francisco Rebelo, Bernardo Santareno e Luís Sttau Monteiro que a partir do pós-guerra procuraram imprimir ao teatro português uma orientação realista de estrutura mais imaginativa.
Ficcionista cuja obra está profundamente marcada por traços de uma personalidade original.

Como dramaturgo, foi um dos autores mais representados, quer por amadores, quer por equipas profissionais. A carreira dramática de Romeu Correia caracterizou-se por uma aplicada coerência. Todo o nosso pais conhece as peças teatrais: Casaco de Fogo, O Vagabundo das Mãos de Oiro, Jangada, Bocage, Laurínda, Céu da Minha Rua, O Cravo Espanhol, Roberta, Grito no Outono, As Quatro Estações, Tempos Difíceis, O Andarilho das Sete Partidas, A Palmatória, entre outras. Um dramaturgo seguro do seu ofício de recriador do quotidiano imaginado e autêntico, de maravilhoso e vulgar, de artificioso e real -, só Romeu Correia seria capaz de escrever peças como O Vagabundo das Mãos de Oiro, Bocage, O Andarilho das Sete Partidas. Ler uma peça da sua autoria é sentir os personagens no palco. Como defendeu António José Saraiva: a «maior revelação teatral do neo-realismo está em Romeu Correia, autor de O Vagabundo das Mãos de Oiro. Desde a primeira página o leitor sente que as suas personagens vivem e contracenam».
Contador de histórias, romancista, dramaturgo, coloquiador admirável, dinamizador cultural, ele é também a memória falada do passado próximo e remoto das gentes da Outra Banda. Romeu Correia é um artista que viveu no meio do seu povo, junto da margem do rio Tejo com
as suas tradições, vicissitudes e vivências associativas.
Homem com fiéis admiradores, legenda viva, direi mais, uma figura lendária de que Almada e suas gentes legitimamente se orgulham.
Com esta exposição pretende-se dar a conhecer um síntese da actividade literária de Romeu Correia ao público em geral e, em particular, aos professores, estudantes e aos mais novos que ainda desconhecem a vida e obra do escritor almadense .

(Alexandre Flores, texto de apoio à exposição documental “Romeu Correia: vida e obra”. Edição Câmara Municipal de Almada, 2007. As imagens são da mesma publicação.)
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