segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Arquivo Histórico - um exemplo a seguir

(Texto de Artur Vaz, publicado originalmente no semanário Notícias de Almada, e reproduzido aqui, com permissão do autor)


neste espaço (*) alvitramos o que representa de importante o gosto e o incentivo pela leitura. Dada a sua pertinência, resolvemos falar sobre esta questão, face ao meritório trabalho desenvolvido pelo Arquivo Histórico Municipal de Almada, com a realização das suas exposições documentais.

Esse contributo de inegável valia – tanto para professores como também para a camada estudantil – tem dado ao longo destes sete anos a conhecer um vasto leque temático muito precioso para a formação intelectual e social da própria comunidade.

Pondo à disposição do visitante raros documentos do grandioso acervo existente no Arquivo, é sempre elaborado um folheto no âmbito de cada exposição com um rigoroso texto de apoio, onde mais uma vez é digno de testemunhar o nosso apreço ao Dr. Alexandre M. Flores e a toda a equipe por si coordenada, que por mera carolice presta-nos um serviço de utilidade pública, sem grandes encargos para a autarquia.

Recordamos que uma das mais graves carências nas bibliotecas das escolas do nosso ensino básico e secundário é a não existência de um espaço destinado às obras de cariz local, importante fonte de cultura e saber.

Ora é a pensar nessa vertente que estas exposições do Arquivo Histórico, pode colmatar esta lacuna e ao mesmo tempo funcionar como estimulo para a elaboração de mais actividades extracurriculares, completando o trabalho efectuado nas sala de aulas e aumentando o nível de conhecimentos e de saber sobre a própria comunidade.

A exposição patente na Casa Pargana até 14 de Março, aborda a temática da agricultura em Almada e seu termo, durante o período compreendido entre o Renascimento e as grandes revoluções liberais.

Para além de várias iluminuras sobre a vida rural, com predominância para o cultivo da vinha, cereais e oliveira, pode-se ver expostas várias obras de autores locais sobre a temática, bem como diversos manuscritos raros, dos quais destacamos: Livro de registo à Decima: Freguesia de São Tiago, de 1680; Livro das Posturas, de 1750; Livro de registo relativo 8º dos Vinhos, de 1772; Livro de registo relativo à Décima: Prédios Rústicos e Urbanos – Freguesia de Nª. Sra. do Monte da Caparica, de 1826 e Livro de registo de entrada de pão no celeiro, de 1872, preciosidades acessíveis na Divisão de História Local e Arquivo Histórico, aos estudiosos e investigadores da história de Almada.

Somos da opinião que as escolas, nas suas múltiplas experiências educativas, devem proporcionar acções de acesso ao património cultural, abrindo perspectiva a um intercâmbio entre as escolas e os agentes culturais (bibliotecas; arquivos municipais e escritores locais).

Neste contexto, para a fruição deste património, é necessário que se faça uma ampla sensibilização pela história da própria comunidade, constituindo assim uma mais valia na formação dos alunos e porque não também dos professores – os quais, em regra geral, não são oriundos do meio onde leccionam – tornando-se, por isso mesmo, vital para sedimentar o seu nível sociocultural.

Deixamos aqui um desafio – em jeito de repto – a todos os professores das escolas de Almada a visitarem com os seus alunos as exposições documentais do Arquivo Histórico.

Esta fonte de cultura que brota diversidade histórica nas suas publicações Anais de Almada e Almada na História, oferece-nos ainda nestes eventos uma incursão pelo património almadense, fruto de muitas horas de pesquisa e recolha de informação, permitindo aos visitantes um contacto de valor ímpar para a preservação da memória do nosso concelho.

Creiam que vale a pena, porque a obra do Arquivo Histórico é um exemplo a seguir.


Artur Vaz
Jornalista e escritor


(*) o autor refere-se à sua coluna de opinião no jornal Notícias de Almada

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