Palavras não existem, fora da nossa voz, as palavras não assistem, palavras somos nós.
Foi com estes versos de Gastão Cruz que Mário Viegas, aos 16 anos, dava início à sua carreira de actor e encenador, num espectáculo realizado a 16 de Dezembro de 1967 no Teatro Rosa Damasceno, em Santarém, declamando poemas de Manuel da Fonseca e Alexandre O’Neill, juntamente com o coro da Academia de Amadores de Música do Maestro Fernando Lopes Graça.
Era o início de uma longa caminhada de uma das figuras mais controversas e polémicas da nossa geração, pois António Mário Lopes Pereira Viegas viria a tornar-se num permanente contestatário dos princípios da sociedade propriamente dita, estabelecida, não deixando, contudo, de ser um homem de cariz determinante e impulsivo na defesa da cultura do seu país.
Natural de Santarém, onde nasceu a 10 de Novembro de 1948 foi, segundo o próprio, trineto do actor cómico Francisco Leoni e bisneto de Francisco José Pereira, republicano, deputado e senador.
Depois de passar pelo Conservatório Nacional, onde se inscreveu no Curso Nocturno de Arte de Dizer e Representar, do professor Carlos de Sousa, fazendo a sua primeira representação com a peça ‘Cavalgada nas Nuvens’, de Carlos Selvagem, Mário Viegas estreia-se como actor profissional no TEC – Teatro Experimental de Cascais, com a peça ‘O Comissário de Policia’, de Gervásio Lobato, encenada por Carlos Avilez, a 16 de Fevereiro de 1968, sendo seus padrinhos a actriz Lia Gama e o actor Mário Pereira.
A luta pela liberdade e pela divulgação da nossa cultura leva o actor a fazer-se à estrada, juntamente com José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Carlos Paredes, percorrendo Portugal de Norte a Sul, militando de forma convicta nos ideais da democracia, agitando a voz dos poetas numa simbiose com a música das guitarras e definindo-se como ‘caixeiro-viajante de poemas’.
Obsessivamente intervencionista nas suas atitudes como actor, Mário Viegas marcou sempre a diferença.
Profundo estudioso da nossa poesia, Mário Viegas foi, nos seus programas ‘Peço a Palavra’, ‘Palavras Ditas’ e ‘Palavras Vivas’, uma voz activa na divulgação dos nossos poetas mais representativos.
Candidato às eleições presidenciais em 1993, foi-lhe atribuído no ano seguinte por Mário Soares, então Presidente da República, o título de Comendador da Ordem do Infante.
Defensor intransigente da intimidade humana, viria a falecer no dia 1 de Abril de 1996, perdendo-se um actor de raro quilate.
Passados doze anos sobre a sua morte, Mário Viegas continua bem vivo na memória dos portugueses como ‘a referência da mentalidade mais avançada em Portugal, em termos de humor’.
Artur Vaz
(Crónica publicada no jornal Notícias da Zona: http://www.zonapress.pt/)
Foi com estes versos de Gastão Cruz que Mário Viegas, aos 16 anos, dava início à sua carreira de actor e encenador, num espectáculo realizado a 16 de Dezembro de 1967 no Teatro Rosa Damasceno, em Santarém, declamando poemas de Manuel da Fonseca e Alexandre O’Neill, juntamente com o coro da Academia de Amadores de Música do Maestro Fernando Lopes Graça.
Era o início de uma longa caminhada de uma das figuras mais controversas e polémicas da nossa geração, pois António Mário Lopes Pereira Viegas viria a tornar-se num permanente contestatário dos princípios da sociedade propriamente dita, estabelecida, não deixando, contudo, de ser um homem de cariz determinante e impulsivo na defesa da cultura do seu país.
Natural de Santarém, onde nasceu a 10 de Novembro de 1948 foi, segundo o próprio, trineto do actor cómico Francisco Leoni e bisneto de Francisco José Pereira, republicano, deputado e senador.
Depois de passar pelo Conservatório Nacional, onde se inscreveu no Curso Nocturno de Arte de Dizer e Representar, do professor Carlos de Sousa, fazendo a sua primeira representação com a peça ‘Cavalgada nas Nuvens’, de Carlos Selvagem, Mário Viegas estreia-se como actor profissional no TEC – Teatro Experimental de Cascais, com a peça ‘O Comissário de Policia’, de Gervásio Lobato, encenada por Carlos Avilez, a 16 de Fevereiro de 1968, sendo seus padrinhos a actriz Lia Gama e o actor Mário Pereira.
A luta pela liberdade e pela divulgação da nossa cultura leva o actor a fazer-se à estrada, juntamente com José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Carlos Paredes, percorrendo Portugal de Norte a Sul, militando de forma convicta nos ideais da democracia, agitando a voz dos poetas numa simbiose com a música das guitarras e definindo-se como ‘caixeiro-viajante de poemas’.
Obsessivamente intervencionista nas suas atitudes como actor, Mário Viegas marcou sempre a diferença.
Profundo estudioso da nossa poesia, Mário Viegas foi, nos seus programas ‘Peço a Palavra’, ‘Palavras Ditas’ e ‘Palavras Vivas’, uma voz activa na divulgação dos nossos poetas mais representativos.
Candidato às eleições presidenciais em 1993, foi-lhe atribuído no ano seguinte por Mário Soares, então Presidente da República, o título de Comendador da Ordem do Infante.
Defensor intransigente da intimidade humana, viria a falecer no dia 1 de Abril de 1996, perdendo-se um actor de raro quilate.
Passados doze anos sobre a sua morte, Mário Viegas continua bem vivo na memória dos portugueses como ‘a referência da mentalidade mais avançada em Portugal, em termos de humor’.
Artur Vaz
(Crónica publicada no jornal Notícias da Zona: http://www.zonapress.pt/)
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