Texto: Rita Marques











Em Dezembro de 1990, o jovem Grupo de Dança recebia já a sua primeira consagração: «obtém o 1º Prémio da sua categoria e o Prémio da Crítica no concurso "Os Jovens e a Dança em Portugal" do programa Cultura e Desenvolvimento promovido pelo Conselho Português da Dança, numa iniciativa da Secretaria de Estado da Juventude», lia-se no livro promocional da temporada 1991.
(Nota final: as imagens aqui reproduzidas foram captadas numa sessão fotográfica do GDA no palco do cine-teatro da Academia Almadense, em 1990. Se a qualidade não é grande, será bom ressalvar que as condições para captação de imagem também não ertam as melhores: os bailarinos estavam a ser iluminados por projectores completamente desadequados para o efeito. As fotos são de David Ferreira, António Vitorino e Fernando Tavares. O desenho da capa é de Maria Arrozeiro)






Em 1996, a “Mostra Um” realizou-se no “mítico” (e, pouco depois, demolido...) Espaço Lemauto, em Cacilhas (junto ao quartel dos Bombeiros).


A Mostra de Bandas de Música Moderna de Almada teve ainda mais 4 edições nos anos seguintes (que, finalmente, passaram a ter lugar na Casa da Juventude do Laranjeiro – a “Casa Amarela”, ou seja, o ex-“futuro rockódromo”...).
Em 1995, quando o movimento cultural “alternativo” de Almada começava a conquistar espaço e visibilidade, a “música moderna” era um dos pilares mais fortes dessa “movida” juvenil.


Desde a sua estreia literária em Sábado Sem Sol (1947), Romeu Correia, com a sua natural vocação e coerência, aperfeiçoou o seu ofício da arte de escrever novelas, contos, peças teatrais, crónicas. Um poeta na prosa dos seus romances ou nos diálogos do seu teatro. A sua singularidade literária não estava numa escrita barroca, nem na abordagem de temas alheios ou na novidade de estrutura textual. A originalidade estava na voz do povo - o âmago da sua admiração, com a qual se identificou e a que se orgulhou pertencer. O instinto de saber mergulhar, com coragem e transparência, na história das gentes da Outra Banda com quem conviveu. O próprio autor quando agradeceu o Prémio Ricardo Malheiros - 1976, que lhe foi entregue pelo presidente da Academia das Ciências, pronunciou as seguintes palavras: «(...) fui testemunha dos trabalhos forçados da grande maioria do povo deste País, e isso nunca eu o poderia esquecer ao pegar na pena para elaborar as minhas histórias ou meus dramas. Meio século de espectáculo, por vezes tão degradante, de pequenas e grandes injustiças e atropelos de classe, sentidos até na própria carne, constituiu pois alfobre de temas e de figuras que a sociedade me impôs, com severa prioridade, para os meus trabalhos. Nunca poderia enveredar, portanto, sem traição de consciência (e de classe, pois então!), por caminhos ínvios, cuidando de gentes e de lugares doutros quadrantes, alheios, sem dúvida, à minha sensibilidade e ao meu coração. O concelho de Almada, torrão que me foi berço e de que, pela vida fora, jamais me apartei, identificando-me com o seu latejar quotidiano, é quase sempre o cenário físico onde animo os conflitos sociais da minha novelística ou do meu teatro. Raro desloco a objectiva para outras paisagens, embora o meu ofício e a minha imaginação exercitada me tentem, de quando em vez, apartar-me de tantos mundos que me são queridos».
Escreveu Trapo Azul, Calamento, Gandaia, Desporto-Rei, Bonecos de Luz, O Tritão, Cais do Ginjal - romances que suscitaram da parte da crítica as seguintes palavras: «é um dos poucos escritores portugueses com alguma coisa que dizer e com coragem de dizer quanto vê, quanto pensa, quanto sonha».




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